Auta de Souza nasceu em Macaíba/RN em 12 de setembro de 1876 e faleceu na mesma cidade na madrugada de 7 de fevereiro de 1901.

Filha de Eloi Castriciano de Souza e de Henriqueta Rodrigues de Souza, Auta teve como irmãos; Irineu, Eloi Jr., Henrique e João Câncio. Família Católica com destaque no cenário político e cultural de seu Estado.

Com menos de três anos de idade, Auta de Souza fica órfã e seus avós maternos, transferiram-na para Recife/PE, onde residiu por onze anos.

Aos sete anos já sabia ler e escrever, graças a um professor amigo e aos oito anos de idade lia para as crianças pobres, para humildes mulheres do povo e velhos escravos. Mas foi aos doze anos que iniciou sua educação acadêmica no colégio de freiras São Vicente de Paulo, no Bairro da Estância, sob a direção de religiosas francesas.

Em 1890, então com 14 anos, manifesta-se os primeiros sinais da tuberculose, mas a grandeza de espírito de Auta mais uma vez se revela e mesmo a doença que provocou a sua desencarnação aos 24 anos de idade, não detém a sua marcha.

A orfandade, a posterior desencarnação de seu irmão, a moléstia contagiosa, somados à forte religiosidade de Auta, levaram-na a compor uma obra poética singular na História da Literatura Brasileira: “Horto”, seu único livro, um cântico de dor, mas também de fé.

A Cotovia das Rimas, no seu segundo poema, dedicou a sua avó, a querida Dindinha:

“Minh’alma vai cantar, velhinha amada! Rio onde correm minhas alegrias… Anjo bendito que me refugias Nas tuas asas contra a sina irada!”

Um mês antes do seu desenlace ela pressente a visita da Irmã Libertadora, mas confia no Divino Amigo e prepara-se para o sublime vôo da ascensão espiritual. E escreve seus últimos versos:

“Fugir à mágoa terrena E ao sonho, que faz sofrer, Deixar o mundo sem pena Será morrer? Lá vai a pomba voando Livre, através dos espaços… Sacode as asas cantando: “Quebrei meus laços!”

Ela voltou do “mundo sem lágrimas e sem morte” para trazer-nos a formosura de seu pensamento e os mais comoventes apelos de seu virtuoso espírito:

“Agora, enquanto é hoje, eis que fulgura O teu santo momento de ajudar!… Derrama, entorno, compassivo olhar Estende as mãos aos filhos da amargura..”

Auta de Souza aqui está pelo pensamento e pelo coração. Mais viva que outrora, quando peregrinava, entre saudades e lágrimas, pelos áridos caminhos do agreste e do sertão de sua terra natal.